quinta-feira, 27 de março de 2014

Histórias da Tradição





O projeto Histórias da Tradição se propõe a construir uma ponte para a aproximação entre as aldeias e o povo das cidades através da beleza das histórias, da força da Palavra Criadora. A contribuir para o fortalecimento da identidade e das culturas indígena








O projeto Histórias da Tradição é fruto de uma longa história de amizade e trabalho da Ikore com diferentes povos indígenas. Nasceu da grande admiração pelas culturas e sabedorias dos povos originários e da certeza de que precisamos conhecer, respeitar, valorizar e fortalecer esses povos, em seus direitos e diversidade.

É uma resposta ao pedido dos velhos sábios das aldeias que acreditam que as novas tecnologias, quando apropriadas e conduzidas pelas comunidades, podem ser armas importantes para manutenção das tradições.

Com apoio dos Editais Petrobras Cultural de 2012 e Programa Rumos Itaú Cultural de 2016, a Ikore realizou o projeto Histórias da Tradição em parceria com as aldeias Uyaipiuku, do povo Mehinaku, no Parque Indígena do Xingu, Etenhiritipá, do povo Xavante (MT) e Fontoura, do povo Karajá (TO), com coordenação e organização de Angela Pappiani, Inimá Lacerda e Maíra Lacerda.






O trabalho aconteceu principalmente nas aldeias, ao longo de meses, construindo acervos com o registro das histórias no idioma indígena em áudio e vídeo, voltados à preservação da arte das narrativas orais e incentivo às novas gerações. As narrativas escolhidas pelas comunidades como as mais significativas para edição dos livros tiveram cuidadosa tradução do idioma nativo para o português e as ilustrações foram feitas pelos jovens e crianças das aldeias. Os livros, com autoria garantida às comunidades, tem capa dura e encarte de pôster colorido. Os dois primeiros trazem ainda CD de áudio com algumas das histórias.








O website do projeto - www.historiasdatradicao.org - traz para o público fotografias, desenhos, textos, depoimentos, áudio e vídeo original das histórias no idioma nativo e ainda a magia das narrativas em português conduzidas por dois contadores de história, trilha sonora com sons captados na aldeia e músicas tradicionais que enriquecem o trabalho e completam o mergulho no universo dessas tradições.














quarta-feira, 13 de março de 2013


Aldeias Sonoras 
a música, o pensamento, as histórias, a cultura indígena nas ondas do rádio

O projeto Aldeias Sonoras - realizado pela Ikore e apresentado por Angela Pappiani - completa sua temporada de 40 programas com um resultado muito positivo. Aldeias Sonoras abriu espaços para que pessoas de mais de 50 pessoas de 25 diferentes etnias se apresentassem, trazendo toda a beleza da cultura indígena, a sabedoria de seu pensamento milenar, a música e a literatura oral para um público amplo e heterogêneo.

A proposta de criar uma ponte entre as diversas etnias que convivem em nosso país através do rádio alcançou seu objetivo com a reprodução dos programas em três emissoras, em três importantes cidades: Rádio Cultura Brasil AM (às segundas feiras, às 9hs da manhã),  Rádio UFSCar, ligada à universidade de São Carlos (domingos às 8hs da manhã) e na Rádio Elo FM, de Belo Horizonte, com quatro emissões semanais (quarta-feira às 7h30, sexta-feira às 22h30, sábado às 11h30 e domingo às 16h30). A veiculação dos programas está sendo negociada com outras emissoras ampliando o diálogo com novos públicos em outros estados da federação.

A temporada 2012 foi patrocinada pela NET Educação que postou todos os programas em seu site voltado ao público das escolas, abrindo um canal direto com educadores e estudantes de todo o país.
O site programadeindio.org, que já mantém o acervo histórico do Programa de Índio realizado entre 1986 e 1991, foi enriquecido com a nova série Aldeias Sonoras, alcançando os jovens indígenas em suas aldeias ou nas cidades, um público de estudiosos da questão indígena, de pesquisadores, estudantes, educadores, pensadores e artistas. A quantidade e qualidade dos comentários postados no site dão a dimensão da importância e alcance dos programas.


Os programas foram incorporados como ferramentas de trabalho por muitos educadores que encontraram conteúdo para o estudo da questão indígena em sala de aula, contribuindo para a aplicação da Lei 11645/2008 que obriga o estudo da cultura e história indígena nas escolas de todo o país.
Para a produção dos programas, foram realizadas várias viagens para cobrir eventos relacionados à cultura indígena como os Jogos dos Povos Indígenas, realizados em novembro de 2011 no município de Porto Nacional, em Tocantins; a Conferência para o Meio Ambiente da ONU, a Rio + 20, realizada em junho de 2012, no Rio de Janeiro e a 11a Festa Nacional do Índio em Bertioga, São Paulo, no mês de abril. Nesses eventos foram realizadas gravações com dezenas de pessoas de mais de 30 etnias diferentes, abordando temas variados.

Outra viagens aconteceram para aldeias do povo Guarani no litoral do Estado São Paulo e para aldeias no Estado do Mato Grosso com a realização de documentários radiofônicos sobre a cultura dos povos Xavante e Mehinako. Nessa ocasião, a equipe de produção coletou áudio e imagens de cerimônias, cotidiano, festas, histórias, depoimentos, aprofundando os temas relacionados a cada uma dessas etnias.
As aldeias Guarani na cidade de São Paulo, nos bairros do Jaraguá e Parelheiros, foram visitadas várias vezes para gravações com professores e monitores dos Centros de Educação e Cultura Indígenas (CECI), autores indígenas e estudantes universitários.

Ailton Krenak, Olivío Jekupé Guarani, Biraci Brasil e Tashka Yawanawá, Benke e Moisés Pianko Ashaninka, Raimundinha e Kupi Kaxinawá, Paulo Supretaprã Xavante, Osmar e Neuza Bororo, Dário Yanomami, Elizeu Guarani-Kaiowá, Marcos Terena, Fernanda e Wangri Kaingang, Waxio Karajá, Piracumã Yawalapiti, Carlinho e Marcelo Mehinako, são algumas das lideranças e artistas indígenas que puderam expressar seu pensamento nos programas Aldeias Sonoras.

Músicas dos povos Yanomami, Mehinako, Xavante, Bororo, Tukano, Guarani, Nanbikuara, Wayapy, Kaxinawá, Kamaiurá, Karajá, Krikati, Terena, entre dezenas de outras etnias puderam ser ouvidas pelo público dos programas, talvez o único espaço público de divulgação da música indígena de nosso país.
As histórias, poemas  e mitos dos povos Bororo, Yanomami, Guarani, Kaingang, Kamaiurá, Xavante, Karajá encantaram com sua beleza e diversidade os ouvintes dos programas Aldeias Sonoras, permitindo ao público o acesso a um universo mágico e rico e ao mesmo tempo tão desconhecido do povo brasileiro.

Foram aproximadamente 25 mil ouvintes para cada um dos 40 programas, no ar em 3 importantes cidades do país,  milhares de acessos através da internet e dezenas de CDs distribuídos a aldeias onde o acesso à tecnologia ainda não chegou.

O acervo de conhecimentos e arte produzido em um ano de projeto pode ainda alimentar o site e novos programas, formando um conteúdo único em diversidade e riqueza cultural, valorizando os povos indígenas, abrindo espaços de contato com o que o nosso país tem de melhor: sua gente e sua cultura.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Histórias para ouvir e se encantar...


As histórias e narrativas indígenas têm magia. Elas nos transportam no tempo, no espaço. Nos fazem lembrar de uma parte nossa que ficou esquecida nestes tempos de tanta correria e responsabilidades, de tantas necessidades criadas pela sociedade de consumo.

Eu convido você, leitor, para uma viagem sonora para dentro das aldeias. Uma aventura por histórias de coragem, de superação, de magia, de belezas...

É só entrar nos links abaixo para conhecer as histórias narradas por Cristiana Ceschi para o projeto Aldeias Sonoras. E no mesmo site, muitos depoimentos e entrevistas com lideranças indígenas de todo o país.

Vamos lá... feche os olhos e se deixe levar pelas histórias....




Joty o Tamanduá
Texto de Wangri Kaingang / ilustracões de Wangri Kaingang e Mauricio Negro





Tainá - A Estrela Amante
História do povo Karajá
Texto e ilustrações de Ciça Fitipaldi / Série Morena




História do Wapté e a Estrela 
livro Wamremé Za'ra- Nossa Palavra/ Mito e História do Povo Xavante





A linguagem dos pássaros
Texto e Ilustrações de Ciça Fitipaldi / Série Morená





Subida Pro Céu
História do povo Bororo 
Texto e ilustracões de Ciça Fitipaldi /Coleção Morená

De volta a Juazeiro do Norte


Padre Cícero é onipresente em Juazeiro do Norte. Do alto do Horto, sua imagem abençoa a cidade que prospera e cresce em ritmo acelerado. Indústrias, universidades, comércio, centenas de motocicletas pelas ruas cheias de gente. Padre Cícero também dá nome a ruas, a lojas, a instituições, está nas fitinhas coloridas de boa sorte, nas medalhas e imagens que o peregrinos compram aos milhares. Uma cidade movida pela fé, enfrentando os desafios da modernidade.

Foi muito bom voltar ao Cariri um ano depois de realizar ali minhas atividades da Bolsa de Circulação Literária da Funarte, com oficinas de literatura indígena nas cidades de Juazeiro do Norte e Nova Olinda em 2011, que foram documentadas neste blog.

Em agosto de 2012  fui surpreendida com a notícia de que o livro Entre Dois Mundos havia sido selecionado pelo projeto Balaio Afro-indígena, adotado pela secretaria de Educação do Município. Esse projeto, da Editora Conhecimento, montou uma estante com 35 exemplares de 8 títulos de livros que abordam a temática dos povos africanos e indígenas, contribuindo para a aplicação da lei 11.645.

Adriana Pereira dos Santos foi quem articulou o projeto no município e me recebeu com todo o carinho em sua casa por 4 dias intensos. As atividades envolveram cerca de 150 professores, em dois dias de trabalho com muita conversa, reflexão sobre as origens e identidade daquelas pessoas, sobre o conceito de educação e de felicidade para as comunidades indígenas.

Agradeço muito pela oportunidade de voltar a essa terra que aprendi a admirar e querer bem e pela oportunidade de compartilhar histórias e vivências com pessoas tão dedicadas a sua profissão.

Espero receber aqui no blog notícias sobre a receptividade dos jovens e crianças aos livros do Balaio.



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Relatório para FUNARTE - Capítulo II


Palavras Criadoras é um projeto novo, embasado em anos de trabalho com os povos indígenas. Um sonho antigo, com raízes que se fortaleceram ao longo do tempo até se tonar realidade com o apoio da Bolsa Funarte de Circulação Literária.

Nos quase 30 anos de trabalho com organizações e comunidades indígenas acompanho de perto os graves problemas decorrentes do desconhecimento,  dos preconceitos e estereótipos que afastam o Brasil dos povos nativos que compartilham este mesmo território.

Durante muitos anos o jornalismo foi a ferramenta que utilizei para contribuir com a luta desses povos por direitos, reconhecimento, participação. Num segundo momento de minha vida profissional passei a dedicar meu tempo e conhecimento na construção de conteúdos e produtos culturais realizados em parceria e/ou com a iniciativa das comunidades indígenas.

Produção de CDs, de documentários, de exposições, cursos, palestras, muitos foram os recursos para ajudar nessa aproximação entre os povos e as culturas. A mais recente ferramenta que tomei como aliada foi a literatura.

Uma pesquisa sobre toda produção de autores indígenas publicada no Brasil, sobre o interesse das editoras e os critérios para publicação e divulgação dessa literatura,  foi o ponto de partida para o trabalho. Mas faltava o contato com o público, com o povo brasileiro que desconhece os povos indígenas. Faltava ouvir as pessoas simples de cidades distantes e carentes, os educadores que têm em suas mãos a grande responsabilidade da transmissão do conhecimento e formação das futuras gerações, a população de lugares com forte presença da herança indígena.

A escolha dos municípios e locais para receberem o projeto levou em consideração a história local, a relevância cultural e a herança indígena, acreditando que a aproximação com a literatura nativa pudesse contribuir também para a afirmação da identidade e auto-estima do público alvo, para o reconhecimento e valorização de sua história, conhecimentos e cultura.

A Bolsa de Circulação Literária me permitiu essa viagem, o aprofundamento dessa pesquisa, a vivência. Aproximação, reflexão, revisão de posturas, desafios, quebras, muita tristeza, em alguns momentos, muita alegria em outros.  As oficinas, principalmente as realizadas em Barra do Ribeira, Cananéia e no Cariri, contribuíram com informações preciosas sobre a questão da identidade, do reconhecimento da herança indígena e também sobre a possibilidade de convivência entre os povos, superando as diferenças e os conflitos impostos pelo modelo de desenvolvimento.

Em Juquitiba a principal contribuição para o projeto foi o contato com os educadores, com o desconhecimento, com suas dúvidas e preconceitos, o que permite agora sistematizar esse resultado e subsidiar projetos e iniciativas futuras.

O projeto permitiu ainda a construção do blog para postagem de informações sobre a produção literária indígena, divulgação da literatura e dos autores indígenas e de conteúdos que contribuam para a valorização da cultura tradicional.

Com a Bolsa, o projeto foi alimentado e vingou , trouxe novos desafios e desejos. Todo conhecimento adquirido ao longo destes últimos meses precisa ainda ser processado, amadurecido, disponibilizado para gerar outras iniciativas, novos projetos.

Benefícios ao projeto:
•    Contato direto com o público, trocas, vivência
•    Novo conteúdo gerado pelas pesquisas e pelas atividades práticas com o público
•    Levantamento de demandas, necessidades de informação para subsidiar educadores
•    Abertura de novos canais de comunicação com grupos, associações e instituições
•    Perspectivas de continuidade do projeto
•    Subsídios para construção de novos projetos 
•    Manutenção e ampliação do blog

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Literatura indígena em publicação argentina



Compartilho aqui o link para uma matéria publicada na Argentina sobre meus livros e trabalho.

Diego Oscar Ramos, o autor,  é um jornalista argentino e o conheci há um ano quando me procurou para uma entrevista sobre o músico argentino Ramiro Musotto.
Ramiro viveu no Brasil muitos anos. Percussionista maravilhoso, apaixonado pela música brasileira, Ramiro tocou junto com os grandes artistas brasileiros e se dedicou também a um trabalho pessoal. O conheci em 2001 quando trabalhava no seu álbum Sudaka e queria incluir uma faixa com música Xavante. Trabalhamos juntos nessa ocasião e depois em 2007 quando criou seu álbum Civilização e Barbárie onde há uma faixa em parceria com o povo Guarani. Fizemos também a produção da presença do coral Guarani na cerimônia de encerramento dos Jogos Panamericanos.
Ramiro faleceu no ano passado mas deixou uma obra maravilhosa, um exemplo de respeito aos povos indígenas e de parcerias possíveis entre a música tradicional e a música popular. Deixou também uma rede de amigos conectados !
A matéria publicada na argentina é fruto dessa grande rede!
O autor, Diego, se encantou com os livros Entre Dois Mundos e Povo Verdadeiro e fala de meu trabalho com os povos indígenas.

Boa leitura!

http://historiasysentidos.blogspot.com/2011/08/angela-pappiani.html

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Fechando um ciclo



O tempo passou muito rápido e o período de seis meses da Bolsa de Circulação Literária da Funarte voou.... Agora em julho, encaminhamos o relatório final das atividades.
Esse apoio foi fundamental para o trabalho de pesquisa e organização de informações sobre a literatura indígena e também para aproximação com o público dos municípios contemplados pelo projeto.
Acredito que, como eu,  todos os outros bolsistas puderam enriquecer suas bagagens literárias e encantar o público com as histórias e belezas que as palavras criadoras carregam.

Mas o projeto não termina aqui! Tem muita informação ainda para postar aqui no blog e atividades que vão acontecer mesmo depois de terminado o apoio da Funarte.

Quero compartilhar com todos vocês as conquistas e descobertas do projeto, as alegrias e a vontade de que a viagem pela literatura indígena esteja só começando!

 
 O relatório enviado à Funarte, em capítulos....

O Projeto Palavras Criadoras foi realizado de fevereiro a junho de 2011, em cinco municípios dos Territórios da Cidadania Vale do Ribeira e Cariri, com um público total em torno de 1600 pessoas.
As oficinas de Literatura Indígena aconteceram em duas fases distintas no Município de Juquitiba, nos meses de março e maio, para um público de 732 pessoas, sendo 237 professores e coordenadores educacionais, e 495 crianças e jovens do ensino infantil ao fundamental II.
A grande maioria dos professores tem entre 23 e 45 anos, são nativos da cidade ou vivem em Juquitiba há muitos anos.  95% têm ensino superior, com formação em faculdades da região. O público jovem atendido tem entre 04 e 16 anos, em sua maioria são moradores da zona rural do município. Entre as atividades culturais a que têm acesso, estão principalmente assistir televisão,  cultos religiosos e o circo. Apesar de muitas pessoas incluírem o cinema nas fichas de avaliação, em conversas informais admitiam a grande dificuldade e o alto custo para o deslocamento até São Paulo ou Taboão da Serra, onde há salas de cinema. A grande maioria nunca entrou num teatro.
O município de Juquitiba, Território da Cidadania Vale do Ribeira, é muito carente, não tem indústrias ou comércio de maior porte. Vive basicamente da economia rural com agricultura familiar e atividades voltadas ao turismo, como casas de campo, pesqueiros, pousadas e esportes radicais.
Segundo a Secretaria de Educação, pela proximidade com São Paulo e pela grande carência de equipamentos culturais e educacionais, o município de Juquitiba tem ficado fora do roteiro das atividades culturais e educacionais ofertadas por programas governamentais ou iniciativa privada.



 

O segundo município a receber o projeto foi Iguape, Território da Cidadania Vale do Ribeira, mais precisamente a comunidade de Barra do Ribeira, a 25 km do centro da cidade. O público total das atividades ali realizadas foi de 254 pessoas, sendo 229 crianças e jovens, entre 04 e 18 anos, e 25 adultos.  Entre o público adulto havia professores, coordenadores educacionais, funcionários das escolas e membros das Associações dos Moradores da Juréia e Jovens da Juréia, parceiros do projeto. Quase a totalidade desse público adulto tem ensino superior.
 Essa localidade abriga uma população caiçara que ocupa a região há pelo menos 200 anos e absorveu muito do conhecimento indígena sobre o ecossistema local, modo de vida e expressões culturais. Famílias tradicionais na região tentam manter sua tradição apesar da grande pressão sobre esse território nas últimas décadas. Especulação imobiliária e a instalação do Parque da Juréia, há cerca de 20 anos, forçaram deslocamentos da população e grande perda econômica e cultural.
Nessa localidade, que tem cerca de 4 mil habitantes, não há equipamentos culturais. Nos finais de semana e férias essa população aumenta em até cinco vezes e a única opção de diversão são os bares locais. Também não há acesso à internet. Uma lan house e algumas pousadas têm acesso precário por antena. O sinal de celular também é péssimo, com poucas operadoras funcionando apenas em alguns pontos específicos do local. As Associações tentam instalar um tele centro em sua sede recém construída e têm a proposta de levar outras atividades culturais como cinema e teatro, além de incentivar as práticas tradicionais como a confecção de instrumentos e as festas religiosas. Na sede da Associação está sendo instalada uma oficina de marcenaria para incentivar a produção do artesanato, uma das poucas fontes de renda da comunidade, além da pesca e do trabalho nas pousadas e casas de veraneio.



A terceira atividade do projeto aconteceu na cidade de Cananéia, Território da Cidadania Vale do Ribeira, com um público total de 63 pessoas, entre dirigentes de Pontos de Cultura das cidades de Iguape, Cananéia, Pariquera- Açu, Registro e Miracatu, multiplicadores, ativistas ambientais, educadores, com idades entre 20 e 60 anos, a grande maioria com ensino superior.
Apesar da formação superior, do ativismo cultural e ambiental, e do papel social e político dessas pessoas, o conhecimento sobre a realidade e cultura dos povos indígenas era muito pequeno, muitas vezes carregado de preconceitos e estereótipos. O encontro foi dos mais produtivos e interessantes, com a possibilidade de abordar muitos aspectos, questões polêmicas e levar para o conhecimento desse público a beleza das narrativas tradicionais e da literatura indígena publicada.
O Município de Cananéia é um importante pólo turístico, recebendo um grande público interessado na história da cidade, nas belas praias e parques protegidos. Não possui cinema nem teatro, mas tem uma intensa atividade cultural e artística sustentada por grupos, ONGs, iniciativas privadas e públicas.
A quarta atividade aconteceu na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, Território da Cidadania do Cariri. O público total das oficinas foi de 112 pessoas, sendo  58 crianças entre 06 e 10 anos e 56 educadores, entre 20 e 50 anos, estes todos com ensino superior. 



 A cidade de Juazeiro do Norte, apesar de localizada no sertão do Ceará, tem uma boa estrutura que vem melhorando na última década com a instalação de indústrias, comércio, serviços, escolas, universidades e centros culturais importantes. A população tem acesso a bibliotecas, cinemas, teatro, apresentações musicais, festivais culturais internacionais promovidos pelo SESC e pelo Centro Cultural do Banco do Nordeste.
Apesar de todas as facilidades e oportunidades, da mesma forma que em outros locais, o desconhecimento sobre a cultura indígena, os preconceitos e estereótipos se repetem, afastando esse público do contato com a diversidade cultural do país.
A penúltima etapa do projeto aconteceu no município de Nova Olinda, Território da Cidadania do Cariri, a cerca de 65 km de Juazeiro do Norte. Nessa cidade o público total do projeto foi de 260 pessoas, entre jovens e educadores dos municípios de Nova Olinda, Barbalha e Santana do Cariri.  25% com curso superior e a grande maioria cursando o Fundamental II ou curso profissionalizante. As crianças do projeto Casa Grande, que também participaram da última oficina, têm entre 04 e 14 anos, cursando educação infantil e fundamental.
Apesar de a Fundação Casa Grande desenvolver um importante trabalho educacional e cultural na região, poucas pessoas dos municípios vizinhos freqüentam as atividades promovidas ali. O acesso à internet é precário e não há outros equipamentos culturais nesses municípios da região. Essa instituição oferece atividades de arqueologia, pesquisa, teatro, cinema, música, literatura, rádio e TV, cursos, oficinas, palestras, em sua maioria gratuita e de livre acesso.